© 2011 Nadja Naira horta-sobre-rodas-sou-mais-eu2734

duas hortas – Grace Passô

A CULTURA

(nossa pequena lavoura arcaica. E olhe lá.)

Dicionário

Cultura 

s. f.

1. Acto!, arte, modo de cultivar.

2. Lavoura.

3. Conjunto das operações necessárias para que a terra produza.

4. Vegetal cultivado.

5. Meio de conservar, aumentar e utilizar certos produtos naturais.

6. Fig. Aplicação do espírito a (determinado estudo ou trabalho intelectual).

7. Instrução, saber, estudo.

8. Apuro; perfeição; cuidado.

Cultura

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Cultura (do latim colere, que significa cultivar) é um conceito de várias acepções, sendo a mais corrente a definição genérica formulada porEdward B. Tylor, segundo a qual cultura é “aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”

(…)

O uso de abstração é uma característica do que é cultura: os elementos culturais só existem na mente das pessoas, em seus símbolos tais como padrões artísticos e mitos. Entretanto fala-se também em cultura material (por analogia a cultura simbólica) quando do estudo de produtos culturais concretos (obras de arte, escritos, ferramentas, etc.). Essa forma de cultura (material) é preservada no tempo com mais facilidade, uma vez que a cultura simbólica é extremamente frágil.

Religião

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Religião (do latim: “religio” usado na Vulgata, que significa “prestar culto a uma divindade”, “ligar novamente”, ou simplesmente “religar”) é um conjunto de crenças sobre as causas, natureza e finalidade da vida e do universo, especialmente quando considerada como a criação de um agente sobrenatural,[1] ou a relação dos seres humanos ao que eles consideram como santosagrado, espiritual ou divino.

—————— 

Duas hortas. Cada uma pertence a um grupo.

Um grupo cultiva uma fruta muito conhecida e rentável chamada Pedra. O outro cultiva uma fruta menos rentável chamada Cultura. Ambos necessitam desses cultivos para sobreviverem. Ambos os grupos tem um regador. A fruta Cultura nasce de tempos em tempos, e somente uma. Na horta Pedra nascem muitas. Quando é época de cada fruta, eles são amáveis, inteligentes e vivos. Na época que as frutas não nascem, eles são péssimos, babacas e hostis. Quando, enquanto as frutas nascem, tudo se floresce entre o grupo; quando, enquanto morrem, também vão “morrendo” as relações. Um dia, no entanto, acaba a água do regador da horta Cultura. O grupo pede emprestado o regador da outra horta e aí descobrem que, inexplicavelmente, regando sua horta com o regador do outro, nascem muitas frutas, muitas Culturas. Aí começa uma negociação do grupo da Cultura para alugar o regador alheio. Eles negociam, negociam, até chegarem num consenso, algum, algo como: negociam um show de música numa festa particular do outro grupo, em troca de 2 horas de uso do regador.

Depois da negociação, os integrantes da Cultura vão à festa dos Pedras. E depois do show, bebem juntos, se amam, e chegam a uma conclusão: juntarem suas hortas, já que o substrato é o mesmo e que, juntos, terão uma grande plantação. E é isso que fazem: juntam suas hortas, esperam juntos o nascer das frutas. No entanto, para espanto geral, não nasce mais Pedra e Cultura, e sim, em fartura, uma outra fruta, irreconhecível, de outra cor. Eles dão nome para a nova fruta e inventam uma outra forma de vende-la, uma forma mais atrativa, mais moderna. Resolvem distribuí-la de brinde para o público, pra que a conheçam, pra que a comam. Entretanto, os antigos cultivadores de Cultura começam vender a nova fruta com muito mais aptidão que os antigos cultivadores de Pedra, tudo isso devido às habilidades que desenvolveram para saber falar em público, comunicarem (Cultura era escassa, era preciso vende-la muito bem, como num leilão). E esses cultivadores começam a exercer poder sobre os antigos cultivadores de Pedra. A situação se inverte, essa relação passa a ter conflitos e eles resolvem se separar. Nesse processo, algum integrante de um dos grupos toma partido diferente e muda de grupo. Nessa separação, os antigos Pedras saem só com a terra pra plantar. Eles resolvem levantar bandeiras, faixas brancas em sinal de protesto, acham absurdo não terem direito a sementes. Até que o ex integrante do grupo rival, agora no grupo falido, mostra uma semente que roubou do ex grupo, uma única semente. O grupo falido resolve plantá-la. Plantam, regam, cuidam juntos. Dá trabalho, é um trabalho coletivo. Ficam apreensivos pra ver o que nascerá e enquanto esperam a fruta nascer, discursam religiosamente para o público, dizendo que a fruta que nascer daquela terra será repartida por todos, todos, ali presentes. Nasce uma fruta, uma única. Eles conversam e a nomeiam de Religare. Todos estão bem, tudo em paz, preocupam-se um com os outros, se ajudam, repartem o “pão”. Mas como uma fruta só é muito pouco pra todo mundo, começam a passar fome. Alguém morre de fome. E, diante da vontade de comer, recebem a visita do outro grupo cultivador, que negocia a compra da semente Religare. Eles não suportam a fome e vendem a semente, que tanto deu trabalho para cultivar. Vendem a terra também, em troca de comida e dinheiro. Não tem o que fazer. Sem direção e caminho, recebem novamente a visita do grupo rival. Eles os informam que, com seu regador, Religare deu em abundância em sua horta, e llhes oferta várias frutas Religare. Eles compram a fruta. E terminam comendo, em abundância, a fruta que um dia eles mesmos plantaram, fruta que agora dá em abundância para os outros vendedores. Por fim, comem todos da fruta. E, com abundancia, refloresce as relações entre eles.

Os comentários estão desativados.