Gio,
e também Nadja e Márcio
De fato, muito bem pensado: “mecanismos de sobrevivência”.
E seguindo essa linha de pensamento, queria contar algumas imagens que vem frequentando, já há algum tempo, nossas rodas de conversas e que, sob um ponto de vista, toca nesse tema:
Há um universo de tipos, sobretudo no besteirol teatral, um universo recorrente de personagens, de esteriótipos que, como sabemos, normalmente se baseia na perversão e reafirmação de alguns preconceitos sociais. E neles vemos: a bicha, o velho tarado, o negão gostoso, a mulher burra, e por aí vai.
Se olharmos por um lado, isso é um jeito de se sobreviver fazendo teatro (assim como existe o nosso jeitinho, existe esse), lançando mão de fórmulas mais rápidas para a convenção sem erro do riso. E também há uma outra forma de ver o estereótipo, como uma persona que usamos no desespero de conseguir conviver socialmente, para ser alguém no mundo (gay, gostosa e tudo mais): outra forma de sobreviver a pergunta-limbo: “quem somos nós”, “como ser alguém”.
Aí pensamos em construir tipos de fácil leitura como esses que falei aqui e ir descobrindo, ao longo de alguma trajetória dramaturgica, uma forma de ir tornando esses tipos mais complexos. E nesse sentido seria uma trajetória que iria do riso pelo riso (do riso por aquilo que não se tem piedade, do riso daquilo que jamais seria “eu”) para um riso de quem se pergunta, de um riso com algum problema. Uma trajetória que desconstruisse um personagem até não haver mais personagem, assim como nossos 2 grupos costumam dizer que não constroem personagens.
Algumas perguntas começariam a nascer, com certeza: como não criticar esse ponto de vista do homem, como descobrir as personas que também são recorrentes em nossas peças e não só nas peças dos besteirois, será que o esteriótipo não é uma linguagem competente pra nos representar no mundo, e de de fato “ser alguém”?…. enfim!
Pensemos.
Beijos!