Imagens mostram ação da PM que resultou em duas mortes. Suspeita é de execução

Um vídeo feito por celular mostra policial militar empurrando Fernando da Silva de um telhado de 8 a 9 metros de altura. Outras imagens trazem seu suposto parceiro sendo baleado. Policiais tiveram prisão temporária decretada

Imagens feitas por um celular e exibidas na noite deste sábado (12) pela TV Globo mostram um policial empurrando um suspeito, rendido, de cima de um telhado com 8 a 9 metros de altura. A ação ocorreu no bairro do Butantã, em São Paulo, no dia 7 de setembro.

No vídeo, Fernando da Silva, depois de levantar as mãos, é dominado e empurrado pelo policial. Após a ação, é possível escutar dois tiros enquanto o agente desce para o quintal do imóvel. A pessoa que faz a agravação se assusta. “Olha, mas veio um monte de gente, como tem policial aqui, 3, 4, 5”, fala.

Na versão registrada no boletim de ocorrência, o policial Fábio Gambale da Silva conta uma história totalmente distinta da que se vê nas imagens. Afirma que entrou na casa com outro PM e que Silva teria vindo da casa vizinha, pulando no quintal com uma pistola nove milímetros.

Versão parecida foi contada para justificar a morte de Paulo Henrique Porto de Oliveira, suposto parceiro de Fernando da Silva. Eles teriam fugido da polícia depois de tentar roubar uma moto. Câmeras de segurança, contudo, mostraram mais uma vez que o registro oficial era falso.

Pelas imagens, é possível ver que Porto se entregou aos policiais, desarmado. Ele senta no chão, é imobilizado por um policial e em seguida algemado. As algemas são retiradas na sequência e o homem é levado para um muro. Ouvem-se tiros e um policial aparece nas imagens voltando para onde estava Porto com uma arma na mão, se agachando junto a ele.

De acordo com o promotor Rogério Zagallo, em entrevista à Globo, o policial pretendia colocar a arma na mão de Porto. “A imagem mostra que ele se rendeu, estava desarmado, isso é a forma dele legitimar esta execução”, afirmou.

O promotor diz que os dois mortos tinham passagem policial por roubo, o que não justifica a execução. “Mas daí dizer que só por isso devem morrer como foram executados é uma coisa muito distante de se aceitar. Ali a gente podia estar na frente da pior pessoa. O estado não pode ser bandido, o estado não pode descer ao nível de um banditismo de aceitar que uma pessoa seja executada cruel e covardemente. O estado não pode se render à tentação de eliminar, de fazer uma espécie de faxina social. Não é função do estado”, disse ao G1.

Na sexta-feira (11), cinco policiais militares foram presos por suspeita de executar Oliveira.

Foto: Reprodução

*da Revista Fórum