– Eu sou o prólogo!

trecho da ópera "O Palhaço", escrita por Ruggero Leoncavallo em 1892

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Com licença?… Senhoras! Senhores!… Perdoai / se sozinho me apresento… – Eu sou o Prólogo. / Visto que na cena ainda as antigas máscaras / põe o autor, em parte ele deseja retomar / o antigo costume, e a vós novamente me envia. / Mas não para dizer-vos como antes: “As lágrimas / que nós derramamos são falsas! Com os nossos sofrimentos / e martírios não vos alarmeis / Não. O autor procurou, ao contrário, pintar-vos / um fragmento da vida. Ele tem por princípio / único que o artista é um homem e que para os homens / escrever ele deve. E inspirou-se na realidade. / Um ninho de memórias no fundo da alma / cantava um dia, e ele com lágrimas verdadeiras / escreveu, e os soluços o tempo lhe marcavam! / Então, vereis amar assim como se amam / os seres humanos; vereis do ódio / os tristes frutos. Da dor os sofrimentos, / urros de raiva ouvireis, e risos cínicos! / E vós, mais que as nossas pobres / vestes de comediantes, as nossas almas / considerai, pois somos homens de carne e osso, e que deste órfão / mundo igual a vós respiramos o ar! / O conceito vos disse. Agora ouvi / como aconteceu. / Vamos. Começai!